A aquisição da Marvel pela Disney, em 31 de agosto de 2009, por cerca de 4 bilhões de dólares, não foi apenas um grande negócio no mundo do entretenimento; foi um evento transformador que mudou para sempre o cenário dos filmes de super-heróis. Este momento crucial ocorreu quando a Marvel Studios, sob a liderança visionária de Kevin Feige, estava apenas começando a estabelecer o que viria a ser um dos projetos mais ambiciosos e bem-sucedidos na história do cinema: o Universo Cinematográfico da Marvel (UCM).
O Desafio da Marvel Studios
Antes da sua aquisição pela Disney, a Marvel Studios encontrava-se em uma encruzilhada significativa. A empresa havia vendido os direitos cinematográficos de alguns de seus personagens mais icônicos, como Homem-Aranha, X-Men, Hulk e Quarteto Fantástico, para outros estúdios nos anos 90. E ainda herois de “segunda linha”, como Demolidor, Motoqueiro Fantasma, Justiceiro, Blade, também estavam com outros estúdios.
Isso representava uma barreira considerável, pois a Marvel estava determinada a construir seu próprio estúdio de cinema e desenvolver um universo compartilhado de super-heróis.
Em 2005, sob a direção de Kevin Feige, a Marvel Studios adotou uma nova estratégia, focando no desenvolvimento de seus próprios filmes, com os personagens que a Marvel tinha em mãos. Olhando os personagens que tinham em mãos, sobraram apenas os personagens para montar os Vingadores. Homem De Ferro, Capitão América, Thor, Gavião Arqueiro, Pantera Negra, Viúva Negra, estavam todos à disposição do estúdio.
Esta decisão foi impulsionada pela convicção de Feige de que um universo cinematográfico coeso e compartilhado não só era possível, mas também poderia revolucionar o cinema de super-heróis.
O Nascimento do Universo Cinematográfico da Marvel
O primeiro grande teste desta visão veio com o lançamento de “Homem de Ferro” em 2008. Protagonizado por Robert Downey Jr., o filme foi um sucesso considerável, tanto de crítica quanto de bilheteria, estabelecendo as bases para o futuro UCM. O sucesso de “Homem de Ferro” provou que a Marvel poderia produzir filmes de alta qualidade por conta própria, sem depender dos personagens que haviam sido licenciados a outros estúdios.
A Marvel Studios não parou por aí. Seguiu-se “O Incrível Hulk”, também em 2008, e uma série de outros filmes que interligavam personagens e eventos, culminando na formação dos Vingadores em 2012. Esta abordagem inovadora, inspirada no universo compartilhado que Stan Lee criou nos quadrinhos na década de 60, mudou o cinema de super-heróis para sempre, culminando no lançamento de Vingadores: Ultimato em 2019, que chegou a ser o filme com maior bilheteria da história, ultrapassando Avatar, de James Cameron (lançado em 2010).
Avatar retomou a liderança com alguns relançamentos no cinema. Foi relançado durante a pandemia da COVID-19 em alguns mercados e voltou em uma edição remasterizada em 2021, preparando terreno para o lançamento de Avatar 2: O Caminho da Água.
De qualquer forma, a Marvel Studios conseguiu não apenas contar histórias interconectadas em vários filmes, mas também criou uma experiência cinematográfica única e contínua para os fãs.
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A Parceria com a Disney
A aquisição pela Disney veio em um momento crítico, oferecendo à Marvel Studios o suporte financeiro e a expertise em marketing de que precisava para levar seu ambicioso Universo Cinematográfico a novos patamares. Além disso, a parceria possibilitou à Marvel recuperar gradualmente os direitos de alguns de seus personagens mais queridos, integrando-os ao UCM e enriquecendo ainda mais seu tecido narrativo.
A Marvel já tinha conseguido o Homem Aranha, fazendo um acordo com a Sony Pictures para introdução do personagem em Capitão América: Guerra Civil (2016). E a aquisição dos estúdios da Fox (em 2019), que tinham os direitos dos X-Men e do Quarteto Fantástico, podendo assim, utilizar todos os personagens da Marvel Comics dentro do Universo Cinematográfico.
Apesar de aparecer no Universo Cinematográfico da Marvel, o Homem Aranha e seus personagens derivados ainda são personagens da Sony Pictures. Em contra partida, a Marvel Studios já começou a introduzir os personagens dos X-Men no Universo Cinematográfico da Marvel, com Fera aparecendo no pós-créditos de As Marvels e o filme Deadpool & Wolverine chegando nos cinemas em Julho deste ano.
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Enfim, a compra da Marvel pela Disney não foi apenas uma decisão estratégica para ambas as empresas; foi um momento definidor que alterou a indústria do entretenimento. Sob a alçada da Disney, a Marvel Studios ampliou seu universo cinematográfico, quebrando recordes de bilheteria e estabelecendo novos padrões para a narrativa cinematográfica. A capacidade da Marvel de equilibrar ação, humor e drama, juntamente com a criação de um universo compartilhado, garantiu que seus filmes não apenas entretivessem, mas também ressoassem com um público global diversificado, marcando uma nova era no cinema de super-heróis.